quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Biblioteca de Nova York digitaliza imagens raras do Brasil imperial


No começo de janeiro, a Biblioteca Pública de Nova York liberou o acesso a mais de 180 mil arquivos em seu acervo digital. Entre os documentos, todos em domínio público, estão registros raros do Brasil do século 19.

A escravidão é um tema recorrente, com fotografias de negros do Brasil colonial no nordeste e no sudeste do país. As imagens são parte do livro "The Negro In the World", publicado por Sir Harry Johnston (1858-1927) em 1910.

Segundo o site da biblioteca, cenas do livro "Imagens da Construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré Amazonas & Mato Grosso, Brasil S.A.", imortalizadas entre 1909 e 1912, evocam "o calor, o perigo e trabalho penoso, ainda que cercado por uma paisagem de grande beleza e mistério". Os registros foram doados à instituição em 1939.

Escravos brasileiros à procura de diamantes em rio;
imagem faz parte do livro "O Negro no Novo Mundo",
do britânico Sir Harry Johnston


Também se destacam as gravuras de antigos uniformes militares brasileiros, parte da coleção de Hendrik Jacobus Vinkhuijzen, que catalogou mais de 30 mil indumentárias de países como Espanha, Finlândia e Bulgária.

Há ainda fotografias da família imperial brasileira, e da viagem de Dom Pedro 2º a Nova York, em 1876.

A Biblioteca Pública de Nova York inaugurou ferramentas para estimular a consulta a seu acervo digital. Entre elas estão um jogo que permite explorar plantas de mansões do começo do século 20 e a justaposição de imagens antigas da Quinta Avenida com registros do Google Street View, dando o efeito de "antes e depois".

Escravos brasileiros sobem o rio São Francisco de barco; 
imagem faz parte do livro "O Negro no Novo Mundo",  
do britânico Sir Harry Johnston




Fonte: Folha de S. Paulo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Dia dos Santos Reis: Folia de Reis



A Folia de Reis ou Reisado é um auto popular que procura rememorar a jornada dos reis Magos, a partir do momento em que eles recebem o aviso do nascimento do Messias, até a hora em que encontram o recém nascido, Jesus. Fazendo parte, pois, do ciclo natalino, o cortejo de foliões desfila cantando no campo ou pelas ruas da cidades. 

A presença dos palhaços tem sido um elemento constante nas Folias. Segundo explicação de alguns foliões, os mascarados representam o mal, sendo a concretização dos soldados de Herodes ou do próprio demônio. Com essa vinculação ao mal, os palhaços seriam impedidos de tocar a bandeira sagrada da Folia, nunca podendo ficar à sua frente no cortejo. Há outras interdições para os palhaços, como a impossibilidade de se aproximarem do presépio ou, em alguns casos, de só entrarem na casa visitada após os cantos finais, ainda assim retirando as máscaras. 

Por todas as análises já vistas, a Folia de Reis dos Arturos se apresentou como uma incógnita a ser decifrada. Diferentemente dos modelos analisados, os palhaços constituem o elemento sagrado da festa. E, mais do que isso, são a representação diretados reis Gaspar, Melchior e Baltazar. Outro fato marca a sacralidade dos mascarados: é sempre um deles que porta a bandeira. 

Foto: Reis Magos no Quilombo dos Arturos - Contagem.Mg
Segundo o mito, quando os três Reis Magos fugiram de Herodes, Gaspar e Melchior se envergonharam de andar em companhia do negro Baltazar e resolveram desfazer-se de sua presença. Acordando bem cedo, seguiram caminho, enquanto o companheiro permanecia na estalagem. Pela manhã, ao levantar, Baltazar soube que os companheiros já haviam partido. Longe de se magoar, orou a Deus pedindo orientação e seguiu seu destino. A estrela luminosa o conduziu prontamente à gruta de Belém, onde se maravilhou com a graça de se ajoelhar diante da criança divina. Jesus-menino lhe acariciou a pele negra dizendo: 

" - Porque foste bom e alegre, eu te conduzi a minha presença. És bendito entre todos os reis e terás para sempre o dom da alegria e da juventude." 
Passou-se muito tempo antes da chegada dos outros Reis: sofrendo os rigores da temperatura e as asperezas do caminho, um chegou velho e alquebrado ( Gaspar ), enquanto o outro, trêmulo e de andar hesitante, parecia sentir todo o frio do mundo ( Belchior ). 

O mito nos coloca diante dos três palhaços da Folia dos Arturos, caracterizando a gênese da festa: o negro Bastião, o alegre e saltitante homem das perguntas e das brincadeiras; o Véio, representante da decrepitude dos que seguem os percursos mais longos para chegar à Verdade; e o Friage, o mascarado que só treme e gagueja sentindo o frio dos que renegam a alegria e a humildade. 


A fundamentação mítica que conta a história do rei negro resgatado por Jesus foi a origem da Folia que Arthur Camilo ensinou a seus filhos. A resistência étnica que norteou a fundação da comunidade dos Arturos se refaz e se reforça numa festa que celebra a comunhão da família celeste e da família humana.

Fonte: Unicamp

Divinópolis - Minha ligação


O Dia dos Santos Reis foi festejado em Divinópolis com missa e lançamento de livro. A obra "Tambores do Céu: o Congado no Oeste de Minas" tem textos de João Novais e fotos de Cyro José. "Embora o congado e a folia de reis sejam manifestações distintas, a razão do lançamento do livro é que muitos foliões são também congadeiros", explicou, em nota, a Diocese de Divinópolis. Infos sobre o livro: Informações: (37) 9109-5442

Dia do Lançamento do Livro - Foto A Gazeta/Formiga